Especialistas orientam sobre as vantagens e os desafios de cada sistema de entrega, ajudando você a definir a melhor estratégia para o seu negócio.
Nos últimos anos, o serviço de entrega se consolidou como um pilar essencial para o setor de alimentação. Uma pesquisa da consultoria Galunion aponta que 81% dos consumidores já fazem pedidos por delivery ou para retirada. Diante desse cenário, surge uma dúvida central para os empreendedores: vale mais a pena ter um sistema de entrega próprio ou aderir aos grandes aplicativos?
Especialistas consultados por PEGN afirmam que não existe uma solução única. Ambos os modelos possuem prós e contras, e a decisão deve ser baseada na estratégia e na estrutura de cada negócio.
Utilizando Plataformas de Entrega (Marketplaces)
Ao optar por aplicativos como iFood, Rappi ou o recém-lançado 99Food, o empresário ganha acesso a uma infraestrutura completa, incluindo tecnologia, sistemas de pagamento, logística e, o mais importante, um vasto público de consumidores ativos. Isso diminui a necessidade de um grande investimento inicial e de esforços para atrair clientes.
O mercado de apps de entrega está aquecido, com parcerias estratégicas entre Uber e iFood e a chegada de gigantes internacionais como a Meituan (com seu app Keeta), o que reforça a importância de um bom planejamento. Fernando de Paula, da ABF, aconselha que o empreendedor primeiro identifique onde seu público está e quais apps são mais fortes em sua região. "Estar em muitas plataformas pode causar confusão operacional e aumentar os custos com comissões", alerta.
Sergio Molinari, da Food Consulting, sugere analisar com atenção os contratos, observando cláusulas de exclusividade e prazos de repasse. Ele lembra que o consumidor valoriza a conveniência de ter suas marcas favoritas em poucos aplicativos. Outro ponto crítico são as taxas, que devem ser consideradas na precificação. Segundo Cristina Souza, da Gouvêa Foodservice, é permitido ajustar os preços no delivery, desde que o consumidor seja informado de forma transparente, conforme exige o Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Operando com um Delivery Próprio
Este modelo é mais indicado para negócios que já possuem um volume significativo de pedidos e clientes recorrentes. A grande vantagem é o controle total sobre a jornada do cliente e, principalmente, margens de lucro maiores, livres das comissões dos apps.
Contudo, os desafios são consideráveis. O investimento inicial é alto, envolvendo a contratação de equipe, desenvolvimento de tecnologia (site ou app) e gestão de toda a logística de entrega. "O empresário precisará de uma estrutura eficiente, do preparo à entrega, e enfrentará o desafio de gerar tráfego para seu canal próprio sem a força de uma grande plataforma", explica De Paula.
Do ponto de vista jurídico, a operação própria exige mais cuidados. A advogada Adriana Faria destaca a necessidade de adequar o CNAE da empresa, atualizar alvarás e, idealmente, contratar um seguro de transporte. Se houver um site ou app, é preciso ter políticas de privacidade. Além disso, a relação com os entregadores deve ser formalizada (via CLT ou contrato PJ), tomando cuidado para não caracterizar um vínculo empregatício indevido. A qualidade da entrega também é crucial, exigindo embalagens adequadas, treinamento de pessoal e sistemas de rastreamento.
Como Estruturar seu Próprio Delivery: Um Checklist
Para quem opta por esse caminho, a organização é a chave.
- Tecnologia: Escolha ou desenvolva uma plataforma que integre pedidos, pagamentos e notas fiscais.
- Logística: Decida entre entregadores próprios ou terceirizados e gerencie rotas eficientemente.
- Atendimento: Crie uma equipe dedicada para suporte ao cliente.
- Embalagens: Invista em embalagens térmicas e com lacre de segurança.
- Marketing: Use as redes sociais, anúncios e programas de fidelidade para atrair clientes.
- Precificação: Calcule todos os custos (mão de obra, logística, marketing, etc.) para definir preços sustentáveis.
- Monitoramento: Use indicadores (KPIs) para medir o desempenho, como tempo de entrega e satisfação do cliente.